quarta-feira, 5 de setembro de 2007

A Cléopatra de Julio Bressane


A maior figura feminina da antiguidade é levada novamente ao cinema, só que dessa vez em uma versão latina, bem abrasileirada. O filme é do eterno cineasta marginal Julio Bressane. O roteiro foi fruto de uma pesquisa sobre a protagonista que durou 15 anos e teve como base os textos do prosador grego Plutarco, que foram escritos no século II, bastante tempo depois de sua morte (provavelmente 30 a.c.) e algumas fontes pictóricas.

O cineasta deixa claro que a estória será remetida em moldes bem brasileiros, o cenário escolhido, por exemplo, foi o Rio de Janeiro, onde as águas da praia de Copacabana, serão o rio Nilo. Bressane não teve fidelidade histórica à época, diz que é um filme que resgata o momento mas feito para a sociedade contemporânea, porém também não pretende criar uma versão moderna, como já foi dito acima, o diretor usou como base artigos históricos e antropológicos e construiu a personagem com um perfil erudito, destacando habilidades como diplomacia, ambição e sensualidade.

O filme teve sua estréia no festival de Veneza, na mostra fora de competição Mestres de Veneza, com Alessandra Negrini no papel principal, o longa empolgou o público e foi bastante aplaudido.


Cléopatra apesar de ser egípcia tem descendência helênica, pertencente da dinastia ptolomeica. Ptolomeu, general de confiança de Alexandre, rei da Macedônia, herdou a região quando este morreu e não deixou herdeiros. Filipe II, pai de Alexandre, aproveitara crises políticas nas cidades-estados gregas para iniciar o processo da expansão macedônica conseguindo aglutinar toda a área grega, o Egito e outras regiões próximas. Apesar de ser filha bastarda de Ptolomeu XII, conseguiu chegar no poder com o status de rainha. Desde o início Cleópatra compreendeu que Roma era a nova potência do Mediterrâneo e que caso desejasse manter-se no poder deveria manter relações amigáveis com ela, e ai que começa todo o envolvimento com os líderes romanos.

No mínimo pode-se salientar uma curiosidade perante esse filme, essa mistura de lírica brasileira, fuga parcial da história, e uma personagem bem mais próxima do que seria a real, pode levantar algumas questões sobre comportamento, sobretudo, dos brasileiros. A ambição do poder sempre será tema atual em qualquer época e a tirania e dominação dos que o detem sob a sociedade, acredito que está muito próximo de nossa realidade. É esperar pra ver...


Estão no elenco também Miguel Falabella (Julio César) e Bruno Garcia (Marco Antônio)

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