sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Santo Por Acaso

Nessa terça feira, 24 de outubro, foi anunciada uma expectativa em profissionais, estudantes e curiosos do setor audiovisual em Pernambuco.

A TV Jornal do Commercio, em uma atitude inovadora no estado e no nordeste, estreou a minissérie Santo Por Acaso, produto do novo Pólo de Teledramaturgia do Nordeste. A minissérie tem 4 capítulos e é constituída em cima de Cícero, filho de uma devota fervorosa de Padre Cícero, que num ato desesperado para salvar seu filho da morte, faz uma promessa em seu nome. Mas tarde Cícero vira seminarista religioso, e é pego de surpresa quando se sente atraído por Letícia, filha de um latifundiário, ao mesmo tempo ganha a simpatia dos trabalhadores rurais da região em que vai viver, assim o jovem desperta a raiva do Coronel por dois motivos específicos: sua filha e os trabalhadores.

Uma história que aborda temas como catolicismo fervoroso, latifúndio, coronelismo, conflito de terras e subdesenvolvimento, mostrando o retrato de uma sociedade rural tradicional do interior de Pernambuco. Obiviamente, apesar dos resquícios e da herança deixada, em lugares interioranos hoje à sociedade está significativamente diferente: em valores cristãos, no seu cotidiano e sua busca exacerbada pelo progresso. A globalização também chegou nesses lugares e tirou da mala o êxodo para as grandes cidades, dos mais pobres aos mais ricos. (relato próprio de quem morou e viveu numa cidade formada por uma usina: Barreiros).

Fazendo honra por ser uma produção inteiramente realizada por pernambucanos, o texto traz fidelidade ao sotaque e identidades locais. A idéia original foi de Valdir Oliveira e o roteiro para televisão foi adaptado pelos cineastas Leo Falcão e Geraldo Mota. Para que o projeto pudesse ser realizado e viabilizado os diretores tinham a missão de jogar no texto uma linguagem televisiva, tarefa complicada, quando se vive num ostracismo em relação a teledramaturgia. “O principal desafio foi mediar um pouco o método de trabalho que usamos no cinema com a dinâmica de produção da TV Jornal” explica o diretor, que foi incisivo ao trocar o nome original, Padrinho do Juazeiro.

Apesar de ter perdido a estréia, fiz minhas observações e devidas conclusões que pode está vulnerável a mudanças, afinal a minissérie ainda não acabou. No principio As interpretações me causaram certos impactos, pois conta com nomes importantes da área em Pernambuco, Magdale Alvez, Cláudio Ferraro e a novata e não menos competente Nash Laila, porém nem tudo é perfeito e alguns outros atores deixam a desejar, mas nada tão grave que comprometa o todo, em síntese as interpretações são satisfatórias, assim como a fotografia, belíssima e com aspectos cinematográficos descarados.

No capitulo de hoje, os diretores usaram cortes excessivos na cena em que é conspirada a morte de Cícero (Henrique Vieira), e uma trilha que seu encaixe na mesma situação soou um pouco estranho, não pela sua sonoridade ou harmonia com a situação mas pelas repetições aglutinadas. A edição também me causou estranheza.

De fato nunca vi uma obra televisiva que se assemelhasse em termo técnicos, o que é bastante positivo, pois pode alimentar uma especulação sobre uma nova linguagem em teledramaturgia (uau) ou simplesmente o conhecimento de quem vos escreve sobre novela e minissérie é por demasia leigo ou radical demais. O importante é que com toda estranheza e inovação se apresentou bastante original em um texto beirando o clichê, despertando minha curiosidade para ver os outros capítulos, talvez para tentar analisar o todo ou para concluir se essa coisa estranha pode ser algo muito do caralho.

A produção foi captada toda em alta definição, o que da uma qualidade maior ao projeto, além de ter cenografia e figurino totalmente harmonizado com o todo.

Santo Por Acaso é uma iniciativa pioneira e que destaca mais ainda o setor audiovisual do estado. Aliás, a realização do projeto está totalmente atrelada ao fato de Pernambuco ter produzido filmes de reconhecimento nacional e internacional. Com isso a Tv Jornal resgata as origens de quando tinha toda programação dedicada a produções locais, com programas de auditório, infantis e novelas, como A Moça do Sobrado Grande, que foi uma superprodução de sucesso, feita em 1968 e posteriormente comprada pela Bandeirantes para exibição em São Paulo em horário nobre.

Percebe-se também a ousadia do projeto, realizado com muito esforço, pois conta com uma lista de agradecimentos enorme, e com o patrocínio e apoio do Governo do Estado de Pernambuco e da Prefeitura do Recife, respectivamente, que não fizeram mais do que a obrigação. É perceptível também que foi vendida poucas cotas publicitárias, com intervalos relâmpagos de anunciantes locais como Eletroshopping, Hermol e Insinuante, mostrando um atraso e uma descrença do mercado com a produção local. Até a imprensa absolve essa mentalidade medíocre quando as mídias divergentes da concorrência não noticiam um feito extremamente importante na comunicação do estado.

O novo Pólo de Teledramaturgia tem como proposta ainda produzir uma segunda produção: Cruzamentos Urbanos. Que pelo nome parece ser uma trama contemporânea e já está sendo filmada, com previsão para ser exibida em novembro.

2 comentários:

Alvaro Trigo Fernandes disse...

Opa! valeu pelo comment.

instala um desses contadores cara. voce vai ver como tem gente que visita seu blog sem nem vc saber... esse que eu tenho no meu dá ate´detalhes de "onde" veio o visitante (descobri que muita gente mesmo vem parar no blog por causa do "historia do brasil" - e aquilo é um post tapa buraco).

abraços!!

Like Sybil disse...

Favoritei tú coisa!

=)